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Integração de Dados Empresariais em LLMs: RAG e InstructLab

TL;DR: O artigo apresenta três estratégias principais para integrar dados corporativos em Large Language Models: RAG (mantém dados atualizados sem alterar o modelo), Fine-tuning (modifica o modelo para internalizar conhecimentos específicos) e InstructLab (abordagem colaborativa que combina desenvolvimento de código aberto com técnicas avançadas de ajuste).

Takeaways:

  • RAG permite acesso a informações externas em tempo real sem modificar o modelo, oferecendo transparência e dados sempre atualizados, mas aumenta a complexidade do sistema.
  • O Fine-tuning internaliza conhecimentos no modelo melhorando performance em tarefas específicas, porém enfrenta o desafio do “esquecimento catastrófico” onde novas habilidades substituem as antigas.
  • InstructLab, desenvolvido pela Red Hat, resolve problemas de contribuição em IA de código aberto através de uma metodologia de curadoria de dados, geração sintética e ajuste instrucional em múltiplas fases.
  • A escolha entre as três abordagens deve considerar fatores como frequência de atualização dos dados, necessidade de transparência, recursos computacionais disponíveis e ambiente colaborativo.

Integrando Dados Empresariais em LLMs: Um Guia Completo sobre RAG, Fine-tuning e InstructLab

Em um mundo onde os Large Language Models (LLMs) estão transformando a forma como as empresas operam, integrar dados corporativos a esses modelos tornou-se uma necessidade estratégica. Mas como fazer isso de forma eficiente, segura e mantendo o desempenho? Este artigo explora as três principais estratégias para incorporar conhecimento empresarial em LLMs, suas vantagens, limitações e casos de uso ideais.

Retrieval-Augmented Generation (RAG): Potencializando LLMs com Dados Externos

O RAG (Retrieval-Augmented Generation) é atualmente um dos padrões mais implementados em ambientes corporativos – e por boas razões. Esta técnica permite que um LLM acesse informações externas sem alterar sua estrutura interna.

Como o RAG funciona?

O processo é surpreendentemente elegante:

  1. O usuário envia uma consulta ao sistema
  2. O sistema utiliza essa consulta para recuperar informações relevantes de um banco de dados
  3. A consulta original é combinada com as informações recuperadas para criar um prompt enriquecido
  4. O LLM processa este prompt, utilizando tanto seu conhecimento interno quanto as informações fornecidas

“Em um padrão RAG, uma vez que uma consulta é enviada pelo usuário, ela é usada para recuperar informações empresariais relevantes de um banco de dados, utilizando essencialmente uma correspondência de similaridade entre o texto na consulta e o texto no banco de dados”, explica a documentação técnica sobre o assunto.

Vantagens do RAG

  • Dados sempre atualizados: Como as informações são recuperadas em tempo real, não há preocupação com dados desatualizados
  • Manutenção simplificada: É muito mais fácil atualizar um banco de dados do que retreinar um modelo inteiro
  • Transparência: É possível rastrear exatamente quais informações foram utilizadas para gerar uma resposta
  • Preservação do modelo original: Os pesos do modelo não são alterados, mantendo suas capacidades generalistas

Limitações do RAG

Apesar de suas vantagens, o RAG apresenta alguns desafios:

  • Complexidade sistêmica: “RAG não é apenas um modelo, é um sistema” com várias dependências que precisam ser gerenciadas
  • Sobrecarga de processamento: Cada consulta exige a recuperação e processamento de dados externos
  • Limitações de contexto: A janela de contexto do modelo limita a quantidade de informações que podem ser fornecidas

Fine-tuning: Personalizando LLMs para Necessidades Específicas

Quando o objetivo é incorporar conhecimento diretamente no modelo, o fine-tuning se apresenta como uma alternativa poderosa ao RAG.

O que é Fine-tuning?

“Fine-tuning é quando os pesos reais do modelo são atualizados com base em novos dados”, definindo de forma simples. Em vez de apenas fornecer informações adicionais durante a inferência, o fine-tuning modifica o próprio modelo para internalizar conhecimentos específicos.

Tipos de Fine-tuning

O ajuste fino de modelos pode ser realizado de diferentes maneiras:

  • Supervised Fine-tuning (SFT): Atualiza todos os parâmetros do modelo
  • Parameter-Efficient Fine-tuning (PEFT): Atualiza apenas uma porção dos parâmetros
  • Low-Rank Adaptation (LoRA): Utiliza módulos externos que trabalham com o modelo base

“LoRAs são convenientes porque esses módulos podem ser removidos quando não são necessários ou substituídos por novos módulos quando o modelo está executando uma tarefa diferente”, explicam especialistas.

Vantagens do Fine-tuning

  • Conhecimento internalizado: O modelo “aprende” informações sem precisar consultá-las externamente
  • Melhor desempenho: Modelos ajustados geralmente apresentam melhor performance em tarefas específicas
  • Menor latência: Sem a necessidade de recuperação de dados, as respostas são geradas mais rapidamente

O Desafio do “Esquecimento Catastrófico”

Um problema significativo com o fine-tuning é o chamado “catastrophic forgetting”:

“Modelos que são ajustados também sofrem do que é chamado de esquecimento catastrófico. Isso significa que, à medida que um modelo é treinado para fazer novas tarefas, ele esquece como fazer tarefas que sabia fazer antes.”

Isso frequentemente obriga as empresas a manter versões separadas do modelo para diferentes tarefas, aumentando a complexidade operacional.

InstructLab: A Nova Fronteira do Fine-tuning Colaborativo

Desenvolvido pela Red Hat, o InstructLab representa uma abordagem inovadora para o fine-tuning de LLMs, combinando os benefícios do desenvolvimento de software de código aberto com técnicas avançadas de ajuste de modelos.

O que é InstructLab?

InstructLab é uma metodologia e framework que permite infundir conhecimento empresarial em um LLM de forma colaborativa, mantendo suas capacidades de uso geral. Foi projetado para superar as barreiras que tradicionalmente dificultam a contribuição para modelos de IA.

“InstructLab veio para tentar preencher algumas das lacunas entre como o software de código aberto funciona e como a IA de código aberto estava funcionando, e agora tem tanto uma presença de código aberto quanto uma oferta empresarial suportada pela Red Hat.”

Os Três Pilares do InstructLab

O InstructLab se baseia em três processos principais:

  1. Metodologia de curadoria de dados baseada em taxonomia
    • Organiza o conhecimento empresarial de forma estruturada
    • Facilita a integração de dados específicos do domínio
  2. Geração de dados sintéticos em escala
    • Complementa dados reais com exemplos sintéticos
    • Permite treinar o modelo para cenários raros ou inexistentes
  3. Método de ajuste instrucional em múltiplas fases
    • Evita o esquecimento catastrófico
    • Mantém as habilidades generalistas do modelo

Resolvendo os Desafios da Contribuição em LLMs

As comunidades que adotam modelos de IA de código aberto enfrentam três pontos principais de atrito:

  • Ausência de contribuição direta: Não há um mecanismo claro para contribuir de volta aos modelos base
  • Proliferação de forks: Aprimoramentos resultam em numerosas versões modificadas difíceis de manter
  • Alta barreira de entrada: Contribuir com novas ideias exige expertise significativa em IA

“InstructLab resolve esses problemas porque fornece as ferramentas para criar e mesclar contribuições (habilidades e/ou artefatos de conhecimento) a um LLM, sem exigir uma equipe com profundas habilidades de engenharia de IA à sua disposição.”

Qual Abordagem Escolher?

A escolha entre RAG, fine-tuning tradicional ou InstructLab depende de vários fatores:

Quando Usar RAG

  • Dados frequentemente atualizados: Informações que mudam constantemente
  • Transparência necessária: Quando é crucial rastrear a fonte das informações
  • Recursos computacionais limitados: Quando não é viável treinar modelos personalizados

Quando Usar Fine-tuning Tradicional

  • Dados estáveis: Informações que não mudam com frequência
  • Tarefas específicas e bem definidas: Quando o modelo precisa se especializar em um domínio
  • Latência crítica: Quando o tempo de resposta é crucial

Quando Usar InstructLab

  • Ambiente colaborativo: Quando múltiplas equipes contribuem para o modelo
  • Necessidade de manter capacidades generalistas: Para evitar o esquecimento catastrófico
  • Recursos de IA limitados: Quando não há expertise profunda em engenharia de IA disponível

Conclusão: O Futuro da Integração de Dados Empresariais em LLMs

A integração eficaz de dados empresariais em LLMs representa uma vantagem competitiva significativa no cenário atual. RAG, fine-tuning e InstructLab oferecem abordagens complementares para esse desafio, cada uma com seus pontos fortes e fracos.

À medida que a tecnologia evolui, é provável que vejamos uma convergência dessas técnicas, com sistemas híbridos que combinam o melhor de cada abordagem. Empresas que dominarem essas estratégias estarão bem posicionadas para extrair o máximo valor dos LLMs, transformando-os em ferramentas verdadeiramente personalizadas para suas necessidades específicas.

A escolha não é necessariamente entre uma abordagem ou outra, mas sim como combinar essas técnicas de forma estratégica para criar soluções de IA que sejam precisas, atualizadas, eficientes e alinhadas com os valores e necessidades da organização.

Qual dessas abordagens sua empresa está utilizando atualmente? Compartilhe sua experiência nos comentários abaixo!


Fonte: Sudalairaj, Shivchander et al. “LAB: Large-Scale Alignment for ChatBots”. arXiv preprint. 2024. Disponível em: https://arxiv.org/abs/2403.01081.


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